segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Sobre várias coisas.

Chega sempre, meio que de repente, aquele momento que não sei como usar as palavras pra me comunicar. Não sei de jeito nenhum. Bem ou mal elas ficam entaladas  na garganta. Presas na ponta da lingua.
Ainda estão, a isso deve-se esse inicio...mas eu preciso falar, preciso compartilhar, o bom o não tão bom...a vida que tem passado e me dado umas pancadas, mas tem também me estendido a mão.
A pouco mais de duas semanas tive a experiencia mais surreal da minha vida. Uma amostra de que a vida é frágil e muito valiosa pra ser gasta ou desgasta por pouco. 
Era um dia normal, estávamos na correria arrumando a casa para enfim a minha festa de noivado. Minha mãe ja vinha com um estado continuo de sua crise de bronquite. Ja vinha assim, sem sessar a uns dois dias. Não passava com nada, e então, ela resolveu ir ao hospital. Foi com minha irmã e meu noivo, eu fiquei em casa pra terminar as coisas que estavam por fazer. Pra mim, ela ia lá, se consultaria, e voltaria medicada pra casa. A gente sempre espera pelo melhor, as coisas ruins ficam bem longe ou no vizinho. Então, por volta das 19h, meu noivo me liga, minha mãe não ia voltar, o quadro dela é grave, tem de ser internada, e no hospital em questão não tem capacidade pra isso. Eu tinha de ir pra lá resolver tudo...
Você nunca saberá o que é o baque de não se sentir adulta ou grande o bastante pra algo, até que a vida te exija isso. E nos, a grande maioria de nós, que nos mantemos na casa de nossos pais, com uma pouca responsabilidade de trabalhar ou estudar, não sabemos metade o que é responsabilidade na vida. 
A cena que presenciei da condição da minha mãe é algo que me impactou, e não foi nada em comparação ao que minha irmã viveu. Ter a vida de alguém que amamos tão frágil, tão... não tenho palavras. 
Doenças respiratórias são assim, tiram suas consciências em segundos, e por falta de oxigenação seus órgãos vão ficando fracos. É tudo muito rápido. 
Tudo assustadoramente rápido!
Antes disso, não me lembro bem, mas muito provavelmente no mesmo dia, estava cheia de pequenos rancores, raivas, picuinhas por pessoas que nem me conhecem ou acham conhecer, que adoram dar alfinetadas pra se manter viva na memoria dos outros. Eu ainda deixava esse tipo de coisa fazer diferença na minha vida ou contando e cogitando os gastos a mais/fora do previsto para a festinha. 
Então, veio o susto, e nada mais disso teve sentido. E não só isso, coisas como entrar em redes sociais e ir curiar coisas que possivelmente me magoariam, mas meu espirito auto destrutivo me lavava a fazer. Enxerguei a pessoa maravilhosa que esta ao meu lado, e vinhamos tendo problemas sobre problemas porque ainda o tal espirito auto destrutivo não me deixava aceitar que sou feliz e plena, e é assim, ponto final. 
E eu que as vezes me achava tão sozinha, de repente estava cercada de mais gente do que eu podia imaginar, do que eu poderia contar, tanta força, tanto amor, tanta coisa de verdade, que só coube a mim separar de todo o resto e me sentir muito, muito leve e feliz quando tudo passou.
Porque passou, ficou tudo bem. Tudo diferente. Caiu sobre mim várias/todas as responsabilidades da minha mãe. E ainda a de cuidar dela, dos remédios, dos horários. 
Aprendi a fazer arroz. A R R O Z. Que era tão ruim, ou ficava cru ou grudento. Agora fica soltinho, e venho aprimorando o tempero. 
No fim da minha festa de noivado, onde meus padrinhos e madrinhas estavam ali, e as daminhas, e a sogra e Tia e Tios, e cunhado, irmã, meu Pai e ela, minha linda, toda de olhos marejados, minha mãe. Todo mundo ali, e quem não estava ali também, nos desejando tudo de melhor, tudo de mais lindo e de Deus. Ali, eu esqueci e me livrei de peso sobre gastos, sobre trabalho. Me senti orgulhosa e feliz de ter feito tudo ali pessoalmente. Faria os refrigerantes também, se soubesse. Fiz tudo, pra que tudo fosse o melhor pra quem estava ali. E aprendi a manter esse espirito, de bem, de melhor. De fazer tudo bem, e com boa vontade. E deixar a vida dos outros a cuidado deles, e a não procurar sarna pra me coçar, e comprei luvas pra lavar louça sem ter nojinho.
 Vida sem nojinho, sem a presença desse espirito porcalhão. 

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