quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012


Quando pequena eu era uma menina muito magrela com joelhos de cavalo, não lembro quem foi o primeiro a me dizer isso, mas foi algo que nunca saiu da minha memoria, 'Joelhos de cavalo'... Quem traumatiza uma criança assim?! Onde tava a lei do Bulling naquela época?!
Enfim, eu era assim, nunca a mais bonita, mas entre os cachos e as canelas finas, também não chegava a ser a mais feia. Talvez tenha sofrido pouco com isso porque as meninas de 11, 12 anos não sofriam por amor. A gente gostava, gostava sim. Mas de longe, platonicamente. E nem achava possível sair dessa zona de conforto. A gente sonhava com o menino pegando a nossa mão e sentados juntos no recreio, beijo era algo muito assustador. Era muito confortável estar nessa posição, era muito mais fácil ser a menina dos Joelhos de cavalo.
Mas a adolescência chega pra destruir nossa confiança e nossos sonhos. Sempre achei minhas amigas mais bonitas do que eu, sempre achei que a grande maioria das pessoas o fossem. Me fechei pro mundo, já havia me convencido da minha falta de beleza, não queria que os outros também o fizessem. Adotei uma postura sempre na defensiva, antes que alguém dissesse algo ou fizesse alguma piada eu as fazia. Me boicotava e fazia auto-chacota pra me defender de possíveis ataques. Que raríssimas vezes aconteciam.
Essa conduta somada com acontecimentos cotidianos de uma adolescência normal de novela mexicana, resultaram numa pré-adulta insegura.
As pernas finas continuaram sendo finas. Eu cheguei a odiá-las, enconde-las em calças folgadas. E você me pergunta, não fez nada para mudar?! É que no fundo eu não as odiava. Odiava o fato de todo mundo achar que elas deveriam ser mais grossas, ou ao menos eu achava que era o que todos achavam. Eu desejava mesmo, de verdade, é que todos a aceitassem como eram, como são. O que eu não sabia é que o que faltava era eu aceita-las. Me aceitar.
Aquele cara que você amou calada e resignada por anos e que no fim ficou com sua amiga bonita, não escolheu sua amiga, porque você tinha as pernas finas, ou a orelha grande, ou porque é gordinha ou tem uma risada esquisita, enfim... Aquele cara a escolheu porque você nunca foi lá se declarar pra ele, e ele acabou notando e identificando na sua amiga coisas que o atraiam, e que você talvez também tivesse, mais escondeu porque gostando dele não era você mesma quando estavam juntos. Mas claro que ele também pode ter ficado com ela porque era mais bonita que você, ou porque você tinha as pernas finas, ou a orelha grande... Mas ai, nesse caso, levante suas mãos para os céus e agradeça se acaso um dia se livrou de alguém assim! Amém!
Ai que a pré-adultolenscia passou.
E eu comecei/aprendi a admirar mulheres que se aceitam e se amam como são. E que não deixam de comer um brigadeiro+pipoca+coca-cola+alcaçuz porque a balança vai pesar mais um pouquinho. Mulher que ta ali no seu peso ideal, ou com uns 2 ou 5 a mais e não pira. Balanceia a vida sem extremos. Veste saia, vestido, listras, horizontais e verticais. Não deixa esses modistas e esportistas entrarem em sua mente e dizer o que pode ou não, como fazer e pra onde ir.
A gente, mulher de verdade,um dia acorda se sentindo uma porcaria, mas no outro pode acordar princesa, não pega esse sentimento de porcaria e carrega dia pós dia, o transformando num estilo de vida. É fase, charme, um pedido pra vida pausar por um dia. 
E assim eu sigo, olhando com otimismo pra mim mesma.
As minhas canelas? Continuam finas.
Mas boas noticias!! O joelhos já não são de cavalo!

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